sexta-feira, 11 de junho de 2010

“Alegria, Emoção e Educação”


“Só aprendemos quando colocamos emoção no que aprendemos. Por isso é necessário ensinar com Alegria”.[1]


A palavra aprender é originada do latim, “Ad” que significa, junto de alguém, e “praehendere” significa agarrar ou prender. Sabemos que aprendemos, porque somos seres inacabados e sempre estamos em contínuo aprendizado e construção dos significados à nossa volta.
Por sermos seres incompletos e tendo consciência dessa natureza, necessitamos de “aprender com”. Aprendemos “com”, porque precisamos do outro e através dessa relação é que surge a mediação com o mundo e com a realidade em que co-habitamos.
O ser humano é um ser que busca a sua completude e o sentido na vida. Tudo que aprendemos deve haver um sentido, e é através do cotidiano que o homem encontra sentido e força através da interação com o outro.
É através do outro que encontramos o que nos falta, o que nos completa. É por essa interação (relação) que está a educação e a base da vida humana.
Quando chego a pensar na educação, me vem à mente a imagem de uma colcha de retalhos daquelas bem coloridas e criativamente bem costuradas. Cada retalho de tecido na sua particularidade e cores diferenciadas simbolizaria cada informação ou conteúdos apreendidos durante uma vida. Educação é como essa colcha de retalhos, multi-culturalizada, e tecida em conjunto, tecida em rede com o contexto e história de cada indivíduo.
O ensinar e o aprender contextualizados, fomentariam nos educandos, sentidos, e assim eles estariam aprendendo duas vezes. Para isso, o educador deveria ensinar com alegria, para que o educando aprenda com emoção.
O educador por primeiro deve ter a alegria e a motivação de trabalhar na educação, em tempos de ruína e crise, ele não pode se desesperar, por que ele deve ser um portador da esperança. O professor tem que acreditar no que faz para poder realizar mudanças, transformações de idéias e ser um multiplicador de saberes e “sabores”.
Através das disciplinas, o educador deve fazer com que os alunos sintam “sabor” no que estão aprendendo. Sintam prazer, alegria e porque não, emoção.
Como o Próprio Rubens Alves fala: Em que o educador deve ser um provocador de “fomes” nos alunos. E depois se deixar ser comido por eles, realizando na sala de aula uma antropofagia dos saberes e da ânsia por conhecimento e cultura.
Hoje em dia, se o professor quer que o aluno tenha uma compreensão global da sociedade da informação, em que ele se encontra inserido, ele deve além de fazer da escola um lugar mais atraente, ele poderia começar estabelecendo uma nova relação com quem está aprendendo.
É na escola que se dá a primeira transgressão do familiar para o político na vida da criança, e é lá na escola onde há o início do diálogo e o começo da ação política.
O professor deve ser um profissional que construa sentido “com” seus alunos. Acredito que já basta o que se escuta nas escolas, em que muitos dizem não haver sentido no que aprendem, assim acabam vivendo sem sentido.
Ensinar é acordar o desejo que está adormecido dentro de nós. Os alunos em que se encontram em nossas salas de aulas estão mergulhados em um sono profundo e demorado e é tarefa da educação em libertá-los dessa hiper-trofía e conduzi-los ao caminho do sentido e de uma humanização reparadora. “É preciso redescobrir o lugar do sonho, reencontrar as origens da alma.”[2]
É papel do educador, manter os alunos em estado de vigília. De re-encantar e despertar o que está ainda na “caverna”. É fazer-se artista nesta tarefa redentora, instaurando o desejo, a ética do cuidado, a motivação no aprendizado dos alunos e a ajuda na construção de sentido na sociedade em que eles vivem. Isto é dar cores, e é promover uma escola mais alegre.
Acredito que hoje em dia seja necessário nas escolas repensar os currículos e promover uma educação para a sensibilidade e para a livre expressão de sentimentos como formas de auto-libertação.
Através da sensibilidade, poderemos contribuir na construção e na formação de uma nova visão-estética sobre o mundo em que vivemos. E está é uma tarefa fundamental de cada um de nós educadores.
[1] George Snyders, A alegria na Escola – São Paulo – Manole, 1986
[2] Pedagogia da animação, Marcelino, Nelson. P,14