quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Abortistas se associam com a MTV em campanha de “adestramento sexual” juvenil na América Latina


A transnacional abortista International Planned Parenthood Federation (IPPF) associou-se à cadeia de televisão MTV em uma campanha para adestrar a população juvenil em matéria de sexualidade com alegações por escrito a favor da masturbação, da bissexualidade e o início das relações sexuais em idade precoce.Conforme informam diversos meios de imprensa, a IPPF se uniu ao MTV a América Latina e os laboratórios Bayer entre outros organismos na campanha chamada em espanhol “Sé(x) tú mismo” (”Se(x)a você mesmo”) com motivo do chamado “Dia Mundial da Prevenção da Gravidez não Planejada em Adolescentes”, uma campanha global liderada por uma coalizão de ONGs e patrocinada pela Bayer para adestrar os jovens no uso e consumo de anticoncepcionais.

A campanha inclui a difusão na América Latina de um site multimídia na internet no qual se distorce a abstinência sexual e se promove condutas sexuais arriscadas alegando que a decisão de iniciar a atividade sexual a idade precoce é exclusiva dos jovens “embora alguns adultos queiram impor aos jovens quando e como tê-las”.O site tenta convencer os consumidores do MTV –em sua maioria adolescentes– que os “direitos sexuais” são direitos humanos, que uma relação sexual é um “intercâmbio de prazer” e que é válido experimentar a sexualidade com pessoas do mesmo sexo.“O que se relaciona com a sexualidade é extremamente diverso e vale a pena experimentar. Se você decide fazê-lo com alguém do mesmo sexo, isso pode ou não representar uma decisão permanente. O importante é que você se sinta seguro/a de seus sentimentos e decisões… e que você se cuide!”, recomenda o sítio Web Sextumismo.com Os organizadores relativizam a abstinência sexual e sustentam que a única forma “correta” de expressar a sexualidade “é aquela com a que você se sente à vontade. Você decide como, quando e com quem ter relações sexuais”.No site aqueles que praticam a abstinência sexual são acusados de canalizar “o impulso sexual através dos chamados sonhos úmidos” e equiparam falsamente à abstinência o mal chamado “sexo seguro” definindo-o como “a utilização de métodos anticoncepcionais para aquelas pessoas que decidem ter atividade sexual”.

Entre os grupos envolvidos na campanha figuram o The Population Council, Marie Stopes International (MSI), a Sociedade Européia de Anticoncepção, o Centro Latino-americano Saúde e Mulher (CELSAM) e United States Agency for International Development (USAID).


Postado:

Prof. Felipe Aquino at 1:23 pm on sexta-feira, novembro 5, 2010


quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A Pedagogia da Esperança



A tese transmitida por Dom Bosco aos seus discípulos merece ser compreendida:
“O salesiano jamais se lamenta do próprio tempo”. Não se trata de lamentar-se, mas de ajudar os jovens a utilizarem todos os vetores do progresso para uma sociedade mais justa, mais fraterna, mais vivível.
É muito importante nas situações que vivemos ensinar à criança, ao adolescente, saber admirar-se diante da beleza, do progresso! É preciso, certamente, colocá-lo em guarda quanto aos possíveis desvios do uso inconveniente do progresso. Mas deve-se ter atenção para que ao colocá-lo em guarda não se bloqueie nele a faculdade de admirar-se diante do que vai
surgindo.
“Faz mais barulho uma árvore que cai do que uma floresta que cresce”, diz o provérbio africano. É tempo, para o moral dos nossos jovens, de não oprimi-los constantemente com o rumor das árvores que caem, o que a mídia faz largamente, mas sabê-los abrir à beleza da germinação. É esta atenção ao processo de germinação que caracteriza o olhar de Dom Bosco sobre
os jovens. A história da semente, chamada a ser uma grande árvore, é sem dúvida a mais bela parábola sobre a educação.

Há três categorias de homens e mulheres comparáveis à semente. Primeiramente,
há os que não veem na semente outra coisa que a semente (perspectiva limitada!). Depois, há os que ao ver a semente, não fazem outra coisa senão sonhar a árvore (mas os grandes idealistas, sonhando, correm o grande risco de destruir a semente). Enfim, os que veem a relação entre
a semente e a árvore.

Estes, então, ficam atentos ao terreno. Educar segundo Dom Bosco, significa oferecer o melhor terreno para permitir à criança enraizar-se na herança familiar, social, cultural, com a finalidade de abrir-se como novo sujeito.

E é a alegria, sempre segundo Dom Bosco, que melhor caracteriza um terreno. Grande parte da arte educativa consiste em saber instaurar ao seu redor um clima de paz e de alegre serenidade. A alegria é necessária para o desenvolvimento da criança. Uma infância triste é uma condenação para nós. Parece-nos que a alegria é o componente essencial do clima educativo
salesiano.

Entretanto, trata-se sempre menos de uma conquista (nada soa mais falso do que os comportamentos daqueles que são alegres por dever) e mais de um fruto: a alegria está sempre presente em superabundância naqueles que vivem na verdade e no amor.

Ver no jovem tanto a criança que ainda é quanto o adulto que é chamado a ser; este é o olhar de João Bosco sobre os jovens, a única maneira de respeitar o direito da criança a crescer. Não se trata nem de mantê-la para sempre em estado infantil, nem de considerá-la um adulto em miniatura.

Desenvolver um projeto que leve em conta a criança, a sua realidade atual e a sua potencialidade do adulto de amanhã, significa tanto “dar-lhe segurança” quanto “responsabilizá-lo”. A arte do pedagogo salesiano está na articulação sadia entre essas duas linhas de força.

Aquilo de que mais padecem os jovens em dificuldade é a falta de segurança! Os bairros das nossas cidades onde reina a maior insegurança não serão talvez aqueles nos quais os jovens se sentem mais inseguros em relação
ao próprio futuro?
Dar segurança... é saber exprimir o caráter incondicional do afeto que nos liga ao jovem... Mas, ao mesmo tempo, é ser também garantidor de um conjunto de regras que permaneçam apesar das tentativas de transgressão da adolescência...

Dar segurança é, enfim, ajudar o jovem a fazer memória do sucesso. O drama de muitos jovens que abandonam a escola, é que a instituição lhes ensina apenas a recordar a falência, e isso gera a perda de confiança em si, e a perda de confiança em si leva de novo à falência.
Essa espiral só pode ser rompida ao fazer experimentar o sucesso. Tratase sempre de focalizar o saber fazer do jovem, voltar a atenção sobre o que ele sabe fazer, convidando-o a progredir. Não será esta, quem sabe, a mensagem deixada por Dom Bosco ao narrar o primeiro encontro com Bartolomeu Garelli?

Dar segurança, mas também responsabilizar, pois só se aprende a ser responsável exercendo responsabilidades. Muitos adolescentes de hoje sofrem justamente por não terem a possibilidade de exercer qualquer responsabilidade real no interior da sociedade, e isso é particularmente verdade para os jovens em situação de exclusão social. Não nos admiremos, pois, das suas atitudes de fuga! O maior drama da exclusão está no sentimento de inutilidade social que ela gera.


O que um grande número de jovens precisa é não tanto encontrar adultos que lhes ofereçam a própria ajuda, mas adultos capazes de dizer: “Preciso de você”. Dom Bosco gostava de dizer aos seus jovens no boa-noite: “Sem a ajuda de vocês, eu nada poderia fazer”. Desde o início
da sua obra educativa, ele teve a ideia de responsabilizar os mais velhos em
relação aos mais jovens.
Referencia: texto extraido do material sobre: sistema preventivo e direitos
humanos. da inspetoria salesiana de são paulo.

A Pedagogia da Confiança



Sem confiança não há educação. Este é o princípio que está na base do sistema educativo de Dom Bosco. Só se pode fundamentar o conceito de autoridade através de uma relação de confiança entre o jovem e o educador.


Como instaurar essa confiança? Dom Bosco, longe de recomendar uma
técnica educativa, responde apenas “com o afeto”. É ele o educador do século 19 que, depois de todas as correntes pedagógicas hiper-racionalistas do século das luzes, reabilitou a esfera afetiva no interior da relação educativa.
A experiência ensina que a esfera afetiva é constitutiva de qualquer relação humana. Dessa forma, em vez de excluí-la no interior da relação educativa, ele aconselha ao educador a sabê-la administrar para instaurar um clima de confiança. “Sem afeto não há confiança. Sem confiança não há educação”. É essa, hoje como ontem, a melhor síntese do pensamento educativo
de Dom Bosco.


Uma educação baseada na confiança é uma educação baseada na razão. O educador age de maneira razoável, convencido sempre de que o jovem é dotado de razão, capaz de compreender onde estão os seus interesses. O Sistema Preventivo baseia-se nessa convicção.



A educação fundada na confiança baseia-se numa fé sólida na educabilidade da criança, quaisquer que sejam as dificuldades que a cercam. Crer nos jovens significa ter todo jovem, qualquer que sejam as suas pobrezas, como uma oportunidade de crescimento para o grupo e não como um peso.


Referêcia: Cartilha da Inspetoria salesiana de São Paulo

Sobre Sistema preventivo e os direitos humanos.

MEMÓRIAS E LEITURA DE IMAGEM




A memória..., palavra tão profunda e reveladora em minha vida, que hoje a recorro como ferramenta de encontros e rememorações comigo mesmo.
É uma atividade redentora, sobretudo por meio da rememoração poética.


Os trapos, os escombros das ruínas, o esquecido. A memória é salvífica e messiânica.
Para Benjamin, a difícil questão a refletir sobre a memória, não reside naquilo que é possível rememorar (o conteúdo da memória é a lembrança, mas a memória é quem capta a lembrança), mas em saber como lidar com o silêncio, com o esquecimento...
Eu tenho medo dessa patologia, desta antrofia-social, ser silenciado e não pensar (e ver) o mundo poeticamente.

Aquele que não se entrega ao sistema; é aquele que declara guerra com a prática da flânerie. Ter olhos para se alimentar de “beleza” e saber saborear as cores. Esse será um novo herói!
A memória não se trata de um tempo perdido. Na concepção benjaminiana, o tempo perdido não se encontra no passado, mas no “futuro”, isto é, nos sonhos, nos desejos, nas aspirações do não-realizado, daquilo que não chegou a se concretizar, mas que ainda se encontra voltado para o porvir - qual uma utopia-retrospectiva.


A educação está entre o passado e o futuro e o educador é o mediador entre eles.
A leitura da sociedade, é uma leitura de imagens.

XV Festival da Juventude Salesiana


Venho aqui expressar a alegria de ter contribuido de alguma forma com este evento da articulação da juventude salesiana, que foi o Festival da juventude. Neste ano, com o tema sobre o protagonismo juvenil. Nada mais expressivo, que a propria culturalidade trazida pelos jovens, através de suas apresentações.

Infelizmente não pude me fazer presente, mas me encontrei integrado a este grande evento, pelos sonhos e pelas preces.

Pelas fotos partilhadas pelo site da inspetoria salesiana do nordeste, pude então comprovar a beleza juvenil. Posso resumir aqui em poucas palavras, que a força do jovem é capaz de transformar as situações, os ambientes, as pessoas, a sociedade e o mundo em que vivemos, através de uma arte... A sua arte de viver e ser feliz. Com o seu sorriso, ele pode libertar mundo e fazer cair correntes.

Eu creio nisso!

E percebi isso nos rostos sorridentes das mil juventudes que estavam neste XV Festival da juventude salesiana.


Visitem a página da ajs


sexta-feira, 11 de junho de 2010

“Alegria, Emoção e Educação”


“Só aprendemos quando colocamos emoção no que aprendemos. Por isso é necessário ensinar com Alegria”.[1]


A palavra aprender é originada do latim, “Ad” que significa, junto de alguém, e “praehendere” significa agarrar ou prender. Sabemos que aprendemos, porque somos seres inacabados e sempre estamos em contínuo aprendizado e construção dos significados à nossa volta.
Por sermos seres incompletos e tendo consciência dessa natureza, necessitamos de “aprender com”. Aprendemos “com”, porque precisamos do outro e através dessa relação é que surge a mediação com o mundo e com a realidade em que co-habitamos.
O ser humano é um ser que busca a sua completude e o sentido na vida. Tudo que aprendemos deve haver um sentido, e é através do cotidiano que o homem encontra sentido e força através da interação com o outro.
É através do outro que encontramos o que nos falta, o que nos completa. É por essa interação (relação) que está a educação e a base da vida humana.
Quando chego a pensar na educação, me vem à mente a imagem de uma colcha de retalhos daquelas bem coloridas e criativamente bem costuradas. Cada retalho de tecido na sua particularidade e cores diferenciadas simbolizaria cada informação ou conteúdos apreendidos durante uma vida. Educação é como essa colcha de retalhos, multi-culturalizada, e tecida em conjunto, tecida em rede com o contexto e história de cada indivíduo.
O ensinar e o aprender contextualizados, fomentariam nos educandos, sentidos, e assim eles estariam aprendendo duas vezes. Para isso, o educador deveria ensinar com alegria, para que o educando aprenda com emoção.
O educador por primeiro deve ter a alegria e a motivação de trabalhar na educação, em tempos de ruína e crise, ele não pode se desesperar, por que ele deve ser um portador da esperança. O professor tem que acreditar no que faz para poder realizar mudanças, transformações de idéias e ser um multiplicador de saberes e “sabores”.
Através das disciplinas, o educador deve fazer com que os alunos sintam “sabor” no que estão aprendendo. Sintam prazer, alegria e porque não, emoção.
Como o Próprio Rubens Alves fala: Em que o educador deve ser um provocador de “fomes” nos alunos. E depois se deixar ser comido por eles, realizando na sala de aula uma antropofagia dos saberes e da ânsia por conhecimento e cultura.
Hoje em dia, se o professor quer que o aluno tenha uma compreensão global da sociedade da informação, em que ele se encontra inserido, ele deve além de fazer da escola um lugar mais atraente, ele poderia começar estabelecendo uma nova relação com quem está aprendendo.
É na escola que se dá a primeira transgressão do familiar para o político na vida da criança, e é lá na escola onde há o início do diálogo e o começo da ação política.
O professor deve ser um profissional que construa sentido “com” seus alunos. Acredito que já basta o que se escuta nas escolas, em que muitos dizem não haver sentido no que aprendem, assim acabam vivendo sem sentido.
Ensinar é acordar o desejo que está adormecido dentro de nós. Os alunos em que se encontram em nossas salas de aulas estão mergulhados em um sono profundo e demorado e é tarefa da educação em libertá-los dessa hiper-trofía e conduzi-los ao caminho do sentido e de uma humanização reparadora. “É preciso redescobrir o lugar do sonho, reencontrar as origens da alma.”[2]
É papel do educador, manter os alunos em estado de vigília. De re-encantar e despertar o que está ainda na “caverna”. É fazer-se artista nesta tarefa redentora, instaurando o desejo, a ética do cuidado, a motivação no aprendizado dos alunos e a ajuda na construção de sentido na sociedade em que eles vivem. Isto é dar cores, e é promover uma escola mais alegre.
Acredito que hoje em dia seja necessário nas escolas repensar os currículos e promover uma educação para a sensibilidade e para a livre expressão de sentimentos como formas de auto-libertação.
Através da sensibilidade, poderemos contribuir na construção e na formação de uma nova visão-estética sobre o mundo em que vivemos. E está é uma tarefa fundamental de cada um de nós educadores.
[1] George Snyders, A alegria na Escola – São Paulo – Manole, 1986
[2] Pedagogia da animação, Marcelino, Nelson. P,14

quinta-feira, 13 de maio de 2010

INFORMAÇÃO, ALIENAÇÃO E EDUCAÇÃO.


“A cada manhã recebemos notícias de todo mundo, e, no entanto somos pobres em histórias surpreendentes”. O que nos acontece, é que nada está a serviço da informação. Informações estas, que nos imobilizam como monumentos monolíticos, imóveis, sem comunicação mais fartos de informações que nos silenciam, nos deixam extasiados e silenciosos, a espera da próxima cena da novela como já nos alertava o sociólogo francês Jean Baudrillard.
Não há tempo para a transmissão da experiência numa sociedade como a que vivemos tudo muda rapidamente, as informações chegam muito rápidas não dando o tempo necessário para as crianças contemplarem e nem assimilarem as imagens.
A informação é um tipo de arte, produzida para as massas, podendo assim, sem sombra de dúvida, estar camuflada e ideologizada, tornando-se hipnotizante e vazia. Perdendo o seu tom alegre e reflexivo, não comunicando nada.
Isto, além de um sintoma, é uma perda, uma decadência, uma violência a toda uma sociedade, e esta patologia vem chegando cada vez mais perto de nós e ganhando a cada dia mais adeptos.
Estas pessoas estão como vindas da guerra, mudas, sem voz, elas não falam mais, parecendo até zumbis. Todos estão sem memória e estão pobres em experiência comunicável. É fácil constatar, que: “as redes do dom narrativo estão se definhando a cada momento e por todos os lados” e de várias formas.
A obra de Benjamin é uma denuncia ao mundo moderno em que há uma transformação generalizada de humanos em bonecos automatizados, vazios, sem vida e uniformes. Tornando cada vez mais difícil a tradução dos fatos da vida em experiências narráveis.
Como resgatar o encantamento de um mundo que foi desencantado pela racionalidade formalizadora e que abriu caminho para a dessacralização da vida?
O mundo no qual habitamos, é um mundo industrial, desencantado, consumista, sem sonhos. Onde não se ouve mais falar das aparições da comadre florzinha e nem se vê mais, os vizinhos tomarem as frentes de suas casas ao fim de mais uma tarde, para conversarem e trocarem experiências vivenciadas em suas vidas. Sem contar que a família não mais vem cumprindo o seu papel, estando todos impossibilitados de educar, chegando cansados e exaustos do trabalho, sem condição alguma de estarem com seus filhos: “Os trabalhadores quanto mais produzem riquezas, mais pobres eles ficam” (K. Marx. Trat. Eco. Fil.) Sem nada para contar aos filhos, a televisão passa a tomar o lugar e a atenção das crianças; os pais mutilados pelo maquinário capitalista, transfere para a escola e para o estado o que eles mesmos não podem fazer: a tarefa de educar os próprios filhos.
Com a educação, a criança está preparada e adaptada a orientar-se no mundo. Eis o verdadeiro processo de emancipação da criança, que é um movimento de conscientização, que promove o homem em sua realidade e em sua história.
A educação é uma preparação e uma superação constante contra a alienação. É um caminho para a conscientização. Esta alienação é provida da estrutura social em que o homem vive, e o defeito maior encontrado na pessoa alienada, é que elas não estão mais aptas à experiência. Elas se tornam um instrumento nas mãos de uma sociedade que encarcera seus indivíduos, sem que estes muitas vezes, se dêem conta do processo aprisionador do qual são vítimas.
Conduzir a criança ao pensar é um caminho para a emancipação e também para a imaginação. Educar para a originalidade e singularidade: é conduzi-las a lucidez, rompendo com o medo inculcado pela modernidade, elas agora passeiam pelo labirinto derrubando as paredes e carregando em suas faces um sorriso de satisfação e liberdade, tendo consciência elas próprias, que só poderão se reencontrar se ousarem se perder.[1]
[1] Jeanne Marie Gagnebin

quarta-feira, 12 de maio de 2010

QUEM SÃO OS SALESIANOS DE DOM BOSCO?




Primeiro antes de tudo vamos falar sobre as inspetorias Salesianas, que são unidades administrativas regionais que coordenam as atividades de um conjunto de obras salesianas. Cada uma se caracteriza por ser uma sociedade civil e religiosa, sem fins lucrativos, de assistência social e de caráter educativo e cultural, cujos objetivos principais são a educação e o amparo à juventude.
A Inspetoria Salesiana do Nordeste do Brasil ( Inspetoria São Luiz Gonzaga) nasceu em 1902 e está presente através em Obras Sociais nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.
Histórico
A primeira casa salesiana do Nordeste foi instalada há mais de 100 anos no Recife, nas proximidades das margens do rio Capibaribe, na Ilha do Leite. Pelas mãos do Padre Lourenço Giordano, a Obra de Pernambuco veio atender aos pedidos das comunidades locais e a ordens diretas de Dom Bosco, posteriormente ratificadas pelo Padre Rua.
Em 1902, com o trabalho já semeado e dando frutos em outros estados da região, foi criada a Inspetoria do Norte do Brasil. O primeiro Inspetor foi, com justiça, o Padre Giordano, encarregado da animação de 33 salesianos, em cinco jovens Obras na Bahia, Sergipe e Pernambuco.
Respondendo às necessidades do povo e sendo por ele sempre bem acolhidos, os salesianos dedicaram-se a Obras particularmente ligadas aos jovens, no Norte/Nordeste do país. Hoje, Dom Bosco está presente em Obras Sociais nos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.
Com toda a adversidade, entretanto, os salesianos prosseguem seu trabalho. Levantando a bandeira da educação/formação eficiente, as Obras superam o assistencialismo e abrem reais perspectivas de um futuro melhor e mais seguro para os jovens nordestinos.
Plena de esperança, prossegue a missão educativo-evangelizadora da Inspetoria Salesiana São Luís Gonzaga, atuando em Oratórios, Escolas Profissionalizantes, Colégios - que destinam verbas para as Obras Sociais -, rádios comunitárias e colônias de férias. Mediante a prática educativa e promocional, os salesianos buscam despertar nos jovens a consciência para um Nordeste mais desenvolvido e sobretudo, mais justo.

Está é uma primeira matéria que venho postar no blog sobre os salesianos de Dom Bosco aqui no nordeste.

As próximas postagens iremos falar sobre o Oratório e sua proposta educativo-evangelizadora.

*Esta materia foi extraida do site da Inspetoria salesiana do nordeste


A ASSISTENCIA SALESIANA: PRESENÇA NO PÁTIO, NA RECREAÇÃO E NA VIDA



O educador salesiano é uma pessoa que ama aquilo que agrada aos jovens, mas, ao mesmo tempo, orienta para que eles também possam amar aquilo de que ele gosta[1]”. A palavra “assistência”, hoje, poderíamos traduzi-la por “animação”. O conteúdo da palavra “animação” implica um modo de participar e de intervir. O educador do Sistema Preventivo se encontra no pátio para ser o animador dos jogos. Ele não é alguém que observa de longe.
Ele não é o “chefe”. É, ao contrario, o “fermento” da recreação. O educador não pode abandonar o educando à mercê das forças desordenadas do ambiente em que vive, ainda que ele tenha sempre que se confrontar com este ambiente[2]. O educador “dá ao educando ampla liberdade de pular, correr, gritar à vontade[3] procurando sempre acompanhá-lo”. Inclusive no “pátio” deve valer aquele princípio que recomenda colocar o educando “na moral impossibilidade de cometer faltas”[4].
A presença contínua é, com efeito; a norma fundamental da assistência[5]. Poderia até parecer que o educador devesse ficar sempre no pátio, com a finalidade de coibir e bloquear o educando. Muito pelo contrário. Ele está aí para animar. Poder-se-ia ainda pensar numa hipocrisia crônica do educando, devido à presença constante do educador. O jovem, pelo contrário, vive a sua vida livremente, como se aí não estivesse presente o educador.
O educador, além disso, deve ter a convicção de que os “meninos cometem faltas mais por excesso de vivacidade do que por malícia[6], mais por não serem bem assistidos do que por maldade”. Para prevenir as faltas, “sem dar aparência” de fazê-lo, o educador dispõe de dois meios: fazer de tal modo que todos possam tomar parte na recreação[7], praticando algum tipo de jogo e também interferência para corrigir o educando com algum aviso, dado de maneira amigável”[8].
É papel do educador animar os jogos, condição para prevenir eficazmente as faltas. Chegando ao pátio, introduzir-se entre os educandos para participar dos jogos. Enquanto joga, porém, deve ter a consciência de que está realizando um trabalho educativo. Ele deve não apenas animar o jogo do seu time, mas também não perder nunca de vista os demais que estão no pátio[9].
Esta proposta de atividade e postura que o educador salesiano assumi, não contribui de forma alguma à evasão do real e nem contribui para uma possível alienação. Eu creio que o “jogo do saber”[10], praticado com características lúdicas e recreativas, passam a ser uma alternativa para a denúncia da realidade, tal como se apresenta, e assim sendo a escola longe de ser encarada como espaço de alienação, poderia ser vista como um dos espaços de resistência.
Venho propor, uma prática pedagógica que relacione a necessidade de trabalhar para a mudança do futuro, através da ação no presente, e a necessidade de vivenciar todo o processo de mudança, sem abrir mão do prazer. O que é necessário valorizar, uma escola como centro de cultura e da sala de aula como ponto de encontro e encontro humano.
[1] BRAIDO, Pietro, Il sistema preventivo di Don Bosco, Zürich, PAS-Verlag, 1964, p. 404.
[2] SECCO, L., La dinamica umana della realtà educativa, Brescia, La Scuola, 1978, p. 69ss.
[3] BOSCO, G., Il sistema preventivo, em SP, p. 195.
[4] BOSCO, G., op. cit. , p.193.
[5] No livro BOUQUIER, H., Don Bosco educateur, Paris, Tequi, 1950, o autor dedica um capítulo inteiro à assistência e a define como lei fundamental do Sistema Preventivo.
[6] MB IV, p. 553.
[7] BRAIDO, Pietro (organização de). S. Giov. Bosco, Scritti sul sistema preventivo nell’ educazione della gioventù, Brescia, La Scuola, 1965, p. 376.
[8] BOSCO, G., Il Sistema Preventivo, em SP, p. 193.
[9] Dom Bosco era o primeiro nos jogos, a alma do recreio. Com a presença e com o olhar se encontrava em todos os cantos do pátio, no meio de cada grupo de jovens, participando de todos os divertimentos. Numa partida começava a contenda, e Dom Bosco a dizer a quem interessava: - Vá àquele outro grupo em que falta um jogador, eu o substituo -. E jogava de palitos, bochas, etc., com aplausos daqueles que ficavam felizes de ter Dom Bosco por companheiro.Quando, portanto, em outro jogo aparecia alguém que usava modos e palavras incovenientes: - Você! Venha ocupar meu lugar, eu o substituo – E fazia a substituição. Assim passava de um ponto a outro do pátio, sempre ostentando a pose de hábil jogador, o que lhe exigia sacrifício e cansaço continuo” (MB III, p. 126).
[10] Termo usado por Nelson C. Marcellino em seu livro: Pedagogia da animação. P. 97

UM PONTO CHAVE DA PEDAGOGIA SALESIANA: A CONVIVÊNCIA



Para que a escola possa contribuir para recuperar e conviver com o lúdico, é necessário, antes de tudo, que se saiba quem se está educando...

A tradição salesiana chama a convivência de Assistência-presença. Sem a convivência não há conhecimento nem amor. Quem ama quer está sempre ao lado da pessoa amada. O amor é o centro da nossa prática educativa salesiana, e sabemos então que “a educação é obra do coração”. Dom Bosco nos ensinava que não basta amar, mas é necessário que o garoto sinta-se amado. Como vai o aluno sentir-se amado sem a convivência?
Para termos uma boa convivência com os nossos reais destinatários devemos ser abertos, próximos e amigos. Deveríamos estar ao alcance de todos sem mediações e nem burocracias. Os educadores salesianos devem estar disponíveis aos jovens e as crianças e não reclusos em gabinetes e salas de portas fechadas. O salesiano deve estar pronto a dar o primeiro passo da acolhida e da escuta. Dom Bosco prezava por esta aproximação, por esta “vizinhança”, por uma familiaridade partilhada.
Um educador em nossas obras que se dispõe ao trabalho educativo com os jovens e as crianças, deve ter por inclinação e dom estas aptidões. Os educadores salesianos, deveriam ser mais próximos dos seus reais destinatários, alicerçados na causa maior do seu chamado de discípulo e educador.

terça-feira, 4 de maio de 2010

DOM BOSCO, O SISTEMA PREVENTIVO E O JOGO


No tempo de Dom Bosco, começou a chegar também em Turim, a revolução industrial. Nascia, assim, “uma nova figura no campo do trabalho: o menino, operário aos oito anos (...) Os meninos, os jovens operários eram empregados como adultos por treze ou quatorze horas de trabalho ao dia, durante sete dias da semana[1]”.
Dom Bosco começou por defender aqueles jovens aprendizes com contratos de trabalho. Um desses contratos, realizado em 1851, chegou até os dias de hoje. Daí, passamos a compreender, como Dom Bosco, numa época de exploração generalizada, proclamava e sustentava o direito a períodos de merecido repouso para os jovens operários.
“O homem nasceu para trabalhar”[2], mas o menino nasceu também para brincar. O jogo, para eles, passa a ser uma necessidade e um direito.
Parece-nos evidente que o jogo é um direito. Para Dom Bosco, no entanto, o jogo é ainda algo mais: ele é o meio mais fácil e seguro para poder educar os jovens. Isso é possível somente com a condição de que o educador participe de seus divertimentos.
Já em 1849, quando o Oratório de Valdocco estava dando os primeiros passos, uma importante revista daquela época sobre educação escrevia que Dom Bosco recolhia de 400 a 500 rapazes em média, para mantê-los longe dos perigos e para instruí-los. “E isto ele consegue através de agradáveis e sadias recreações (...). Dom Bosco não descuida a educação física, deixando que no pátio, situado ao lado do Oratório, fechado todo ao redor, e os meninos cresciam reforçando o vigor do corpo através de exercícios de ginástica, ou divertindo-se com as muletas ou nos balanços, com as chapinhas ou com jogos de bilhar[3]”.
Pode-se logo perceber que o jogo é considerado parte essencial do modo de educar de Dom Bosco. Já em 1849, no jornal “Harmonia” notava outra característica do método: a participação do educador nos jogos. “No meio deles encontrava-se sempre Dom Bosco (...), mestre, companheiro e amigo[4]”.
Dom Bosco, no seu século, esteve entre os primeiros a introduzir a “atividade física” como elemento indispensável no processo educativo. Já o historiador salesiano Eugênio Ceria vê em Dom Bosco o inventor de um método original de educação com o jogo e durante o jogo. Para ele, as características mais em evidência no método são duas: a primeira é a “extraordinária animação”.
“Ele dava preferência aos brinquedos que exigiam agilidade da pessoa. Era um espetáculo a recreação do Oratório. Uma turma de jovens a correr, pular, fazer barulho, divididos em grupos, de acordo com a variedade dos jogos”.
A segunda característica é a participação ativa na “Vida do Pátio”[5] por parte de todos os educadores que a animavam, inclusive Dom Bosco.
“Eles estavam à frente das atividades esportivas, como verdadeiros amigos dos jovens e, com eles, participavam dos desafios. Divertindo-se dessa maneira com os alunos, longe de se rebaixarem, os superiores conquistavam sua confiança[6]”.
Por “Vida do pátio” Dom Bosco não entendia nem a ginástica, concebida como aula que exige atenção e trabalho, nem o esforço cansativo, e sim, um divertir-se com jogos, livre de qualquer preocupação exagerada. Do mesmo parecer era o professor Allievo, docente de pedagogia naquela época. Assim escreve ele: “A natureza ensinou, ela mesma, ao menino a livre e salutar ginástica de seus membros e essa ginástica não deve ser estragada pelo excesso de normas que controlam a sua prática[7]”.
Em Valdocco, a “Vida do Pátio” compreendia dois tipos de recreação que se complementavam mas que se fundiam num único projeto. Um primeiro tipo de recreio que o mesmo Dom Bosco define “todo vida, todo movimento, todo alegria[8]”: o recreio de quem corre, de quem pula, de quem faz pular. É uma recreação com divertimentos lúdico-motores, ao ar livre, “com muito movimento”. Este tipo de recreação é o que mais se sobressai e o mais comum. “Quem nunca viu, dificilmente pode imaginar o barulho, a ingênua despreocupação, os jogos e a alegria daquelas recreações. O pátio era percorrido, palmo a palmo, nas corridas desenfreadas[9]”.
Um segundo tipo de recreação é feito com jogos de pouco movimento e que se realiza, geralmente, passeando[10]. Consiste em jogos de sociedade, diálogos alegres e divertidos, intervenções inteligentes, explicações escolares ou de interesse cultural, contos e também pensamentos espirituais.
No pátio, muitas vezes, se encontrava a banda. A “vida do pátio” era formada por uma enorme variedade de jogos. Os meninos tinham ampla liberdade para participarem desse ou daquele outro tipo de jogo, conforme suas necessidades ou os gostos do momento.
Para Dom Bosco, a recreação não tem como finalidade prejudicar, mas, recriar as forças, elevando o espírito.
Em seu pequeno tratado sobre o “Sistema Preventivo”, Dom Bosco, em síntese, define assim o seu método: “Este sistema se apóia, todo ele, sobre a Razão, a Religião e sobre o Carinho (Amorevolezza)[11]. O Sistema Preventivo apela não para a pressão, mas para os recursos do coração, da inteligência e da sede de Deus que todo homem sente no profundo do seu ser. Razão, Religião e Carinho são fatores educativos.
Dom Bosco foi o santo católico que mais dedicou sua vida para esse trabalho divino de propiciar lazer sadio criando até uma pedagogia do lazer e dos desportos. Hoje, infelizmente, os esportes estão se transformando em objeto da industria capitalista, que através deles fatura fortunas fabulosas, satisfazendo apenas uma pequena fatia da população mundial. O expectador passa a ser apenas um ser passivo.
Além do mais, a vida de pátio é essencial à vida da criança, do menino e do jovem. Educador é também jogador. Dom Bosco santificou-se santificando a atividade esportiva. E a ele, podemos afirmar com segurança, o fez com criatividade genial.
[1] CASTELLANI, A , Il beato Leonardo Murialdo, vol. II, Roma, Libreria Editrice Murialdo, 1968, p. 519.
[2] BRAIDO, P., S. Giov. Bosco, Scritti sul Sistema Preventivo nell’ educazione della gioventù, Brescia, La Scuola, 1968, p. 519.
[3] “Giornale della società d’ istruzione e d’ Educazione” 1 (1849), luglio, p. 459-460. O articulista é Casimiro Danna (1806-1884). Foi regente da primeira cadeira de Pedagogia na Universidade de Turim, em 1845 e depois assumiu a cadeira de Instituição de Belas Letras.
[4] MB III, p. 510-513.
[5] A expressão “Vida do pátio” foi criada por Alberto Caviglia, o primeiro estudioso que tentou uma ampla síntese do pensamento pedagógico de Dom Bosco. A “Vida do Pátio” deve ser entendida em sentido amplo, pois inclui passeios, encontros espontâneos pelas estradas e nos vários ambientes, as reuniões alegres e descontraídas. Enfim, tudo aquilo que não é determinado pelo regulamento e que não depende da administração ordinária[5]. Deve-se incluir, portanto, o teatro, o canto e a música, entendidos, porém, não como aula e sim como recreio, isto é, diversão livre e criativa, e, por fim, também as grandes “festas” com sua coreografia, semelhantes às competições esportivas.

[6] CERIA, E., L’ ambiente educativo dell’ oratorio nel tempo del Savio, em AA.VV., D. Savio, Studi e conferenze in occasione della sua beatificazione, Torino, SEI, 1950, p. 60.
[7] RICALDONE, Pietro, Dom Bosco Educatore, vol. II, Colle Don Bosco, (Asti), LDC, 1952, p. 131.
[8] BOSCO, G., Due Lettere da Roma, em SP, p. 291.
[9] MB VI, P. 400-401.
[10] No pátio não havia bancos (MB VII, p. 50). E, em geral, eram proibidos os jogos sedentários. Às vezes, porém, o próprio Dom Bosco se sentava com vários circos de jovem ao seu redor e os animava com jogos de prestígio, piadas, contos e cantos (MB IV, p. 292-293) e MB VI, p. 335 e 429.
[11] BOSCO, G., Il Sistema Preventivo, em SP, p. 193.