quinta-feira, 13 de maio de 2010

INFORMAÇÃO, ALIENAÇÃO E EDUCAÇÃO.


“A cada manhã recebemos notícias de todo mundo, e, no entanto somos pobres em histórias surpreendentes”. O que nos acontece, é que nada está a serviço da informação. Informações estas, que nos imobilizam como monumentos monolíticos, imóveis, sem comunicação mais fartos de informações que nos silenciam, nos deixam extasiados e silenciosos, a espera da próxima cena da novela como já nos alertava o sociólogo francês Jean Baudrillard.
Não há tempo para a transmissão da experiência numa sociedade como a que vivemos tudo muda rapidamente, as informações chegam muito rápidas não dando o tempo necessário para as crianças contemplarem e nem assimilarem as imagens.
A informação é um tipo de arte, produzida para as massas, podendo assim, sem sombra de dúvida, estar camuflada e ideologizada, tornando-se hipnotizante e vazia. Perdendo o seu tom alegre e reflexivo, não comunicando nada.
Isto, além de um sintoma, é uma perda, uma decadência, uma violência a toda uma sociedade, e esta patologia vem chegando cada vez mais perto de nós e ganhando a cada dia mais adeptos.
Estas pessoas estão como vindas da guerra, mudas, sem voz, elas não falam mais, parecendo até zumbis. Todos estão sem memória e estão pobres em experiência comunicável. É fácil constatar, que: “as redes do dom narrativo estão se definhando a cada momento e por todos os lados” e de várias formas.
A obra de Benjamin é uma denuncia ao mundo moderno em que há uma transformação generalizada de humanos em bonecos automatizados, vazios, sem vida e uniformes. Tornando cada vez mais difícil a tradução dos fatos da vida em experiências narráveis.
Como resgatar o encantamento de um mundo que foi desencantado pela racionalidade formalizadora e que abriu caminho para a dessacralização da vida?
O mundo no qual habitamos, é um mundo industrial, desencantado, consumista, sem sonhos. Onde não se ouve mais falar das aparições da comadre florzinha e nem se vê mais, os vizinhos tomarem as frentes de suas casas ao fim de mais uma tarde, para conversarem e trocarem experiências vivenciadas em suas vidas. Sem contar que a família não mais vem cumprindo o seu papel, estando todos impossibilitados de educar, chegando cansados e exaustos do trabalho, sem condição alguma de estarem com seus filhos: “Os trabalhadores quanto mais produzem riquezas, mais pobres eles ficam” (K. Marx. Trat. Eco. Fil.) Sem nada para contar aos filhos, a televisão passa a tomar o lugar e a atenção das crianças; os pais mutilados pelo maquinário capitalista, transfere para a escola e para o estado o que eles mesmos não podem fazer: a tarefa de educar os próprios filhos.
Com a educação, a criança está preparada e adaptada a orientar-se no mundo. Eis o verdadeiro processo de emancipação da criança, que é um movimento de conscientização, que promove o homem em sua realidade e em sua história.
A educação é uma preparação e uma superação constante contra a alienação. É um caminho para a conscientização. Esta alienação é provida da estrutura social em que o homem vive, e o defeito maior encontrado na pessoa alienada, é que elas não estão mais aptas à experiência. Elas se tornam um instrumento nas mãos de uma sociedade que encarcera seus indivíduos, sem que estes muitas vezes, se dêem conta do processo aprisionador do qual são vítimas.
Conduzir a criança ao pensar é um caminho para a emancipação e também para a imaginação. Educar para a originalidade e singularidade: é conduzi-las a lucidez, rompendo com o medo inculcado pela modernidade, elas agora passeiam pelo labirinto derrubando as paredes e carregando em suas faces um sorriso de satisfação e liberdade, tendo consciência elas próprias, que só poderão se reencontrar se ousarem se perder.[1]
[1] Jeanne Marie Gagnebin

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