Acredito que hoje em dia temos que repensar o currículo escolar e promover uma educação para a sensibilidade e para a livre expressão de sentimentos, como formas de auto-libertação.
Pela sensibilidade podemos contribuir na construção e formação de uma nova visão estética sobre o mundo em que habitamos, e esta é uma tarefa fundamental de cada arte/educador.
Proponho a arte enquanto linguagem aguçadora dos sentidos. Também me debruço pelo fascinante mundo da imaginação infantil e das findáveis possibilidades reflexivas a que isto poderá me levar. A imaginação livre e criativa produz o conhecimento de si e do mundo de cada um. É esse o dom que separa as crianças dos adultos. A novidade pertence a criança.
A narrativa atual, quer fazer de nós, seres desencantados, monstros e cadáveres vivos que não sonham mais e são esquecidos de si mesmos.
Contrapondo-se ao mundo dos adultos, a criança vai à busca de outros aliados. Estes são encontrados mais facilmente no mundo dos fenômenos. Ela apropriasse com interesse e paixão de tudo que é abandonado pelos mais velhos. Essa é a poética que proponho como bússola de norte para nossa viagem. As crianças são capazes com sua poética-lúdica, construir cidades, emaranhar redes e constelações de imagens e fazer das histórias do lixo da história épicas aventuras inventadas.
Por meio de Benjamin e de outros autores, venho pesquisar sobre temas ligados e entrelaçados sobre a infância, sobre o ensino da arte nas escolas, sobre a ludicidade e a imaginação, propondo a criança refletir através do fazer seu fazer artístico natural, como caminho para a emancipação. Querer educar para a originalidade e singularidade: “é conduzi-las a lucidez, rompendo com o medo inculcado pela modernidade, elas agora passeiam pelo labirinto derrubando as paredes e carregando em suas faces um sorriso de satisfação e liberdade, tendo consciência elas próprias, que só poderão se reencontrar se ousarem se perder.” (Gagnebin, 1999)